sábado, 2 de julho de 2011

O Louvre

Pois é, o Louvre... Quando saí de dentro do famigerado lá pelas 5 horas da tarde, correndo desesperado para não perder o trem de retorno para Deauville, cheguei à conclusão que preciso criar um novo blog chamado "Um Novato no Louvre", e voltar lá umas 20 vezes e escrever posts suficientes para descrever o local. É claro que eu sabia que o Louvre era algo inacreditável em termos de museu, mas ainda assim me surpreendi. Que lugar bacana de visitar! Uma pena eu dispor de apenas um dia, e ter que passar correndo (literalmente) por tanta coisa. Mas, enfim, só me resta narrar de forma sucinta tudo o que consegui descobrir nessas horas e assim registrar a impressão do novato sobre o último grande ponto de visitação de suas férias.

Acredito que alguns detalhes do Louvre ficaram muito famosos com o livro O Código da Vinci, a começar pelas pirâmides de vidro na entrada do museu. Muita gente para lá para tirar fotos, e como o novato também é gente, não quis fugir à regra. Um dos receios que eu tinha era encontrar uma longa fila que consumisse metade do meu dia, mas para minha surpresa (e definitivamente não estamos mais na Itália) não haviam filas, a despeito da grande quantidade de pessoas que estavam visitando o museu. Há pontos de venda de ingressos mais do que suficientes, eu contei pelo menos 6 com atendentes e 10 máquinas automáticas para tickets. Além dessa boa infraestrutura de atendimento, há também um quiosque de informações muito bem preparado para atender aos turistas em vários idiomas, até mesmo em português. E o preço pela visita: 10 euros! Convenhamos, é um valor meramente simbólico diante da magnitude do museu.

Uma vez dentro do museu, a gente descobre alguns fatos interessantes. Primeiro, o museu começou bem menor, como uma construção militar em 1180, e foi sendo ampliado aos poucos, tornando posteriormente um castelo e convertido em museu em 1793. Inclusive a parte medieval do Louvre, ou seja, a estrutura primária de sua construção, é um dos pontos de visitação. Internamente, o Louvre possui três galerias principais para visitação: Denon, Sully e Richelieu. Cada galeria tem 4 andares (uma delas, apenas 3), e aí a gente começa a ter uma idéia do tamanho do museu. As galerias são organizadas por temas, desde artefatos egípcios, da Mesopotâmia, grecos e romanos, até as pinturas e esculturas das idades Moderna e Contemporânea. Além dessas galerias, há também outros espaços destinados a exposições, bem como um completo shopping em anexo, onde se encontra de tudo, desde livros e souveniers do museu até uma praça de alimentação.

Ao percorrer as galerias, a gente fica literalmente encantado com tantos artefatos e obras de arte, cuja a beleza e importância artística e histórica salta aos olhos. Um folder disponibilizado no museu com um mapa das galerias serve como guia para localizar as obras de arte mais famosas do museu, principalmente para aqueles que não dispõem de tempo suficiente para ver tudo, como era meu caso. Mas consegui na correria ver a Vênus de Milo, o Código de Hamurabi e o Escriba Accroupi. Isso sem contar que as próprias salas do museu são um espetáculo a parte, com decorações de época e afrescos belíssimos nos tetos. Na galeria Richelieu, em especial, há um grande espaço externo dedicado às esculturas de artistas franceses de grande tamanho, as quais tratam de vários temas e também impressionam bastante.

Entretanto, a obra mais importante (e particularmente acredito que tem muita gente que vá lá só pra vê-la e depois vai embora) é, sem dúvida alguma, a Monalisa. Ela fica na galeria Denon, bem ao centro do primeiro piso, e a localização já é visivel desde a entrada da galeria. Foi o único ponto do museu onde encontrei filas! Na verdade, era mais um tumulto do que uma fila, dezenas de pessoas se expremendo para ver a Monalisa e tirar um foto. O curioso é que o quadro de fato é muito bonito. A combinação de cores, a textura obtida por Da Vinci, realmente a destaca, mesmo sendo uma obra de tamanho pequeno, se compararmos as demais pinturas na mesma galeria. Como todo mundo sabe como é a Monalisa,  fiz questão de, ao invés de colocar uma foto fraquinha da dita cuja, fotografar a confusão que é chegar perto daquele que talvez seja o quadro mais caro do mundo.

O Louvre realmente valeu a pena por cada minuto, e o novato voltaria lá por várias vezes, sem o maior problema. É um lugar que dá gosto de visitar pelo valor artístico e histórico de seus artefatos, isso sem contar na excelente estrutura que os franceses montaram lá, o que facilita em muito a vida dos turistas. O novato realmente fechou com chave de ouro sua visita à França, com conseguiu deixar nele o gostinho de "quero mais".

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Paris

Um pouco de Paris, o Siena e a Torre Eiffel

O novato precisa admitir que Paris foi um dos posts mais difíceis de se escrever até agora. Isso porque a Cidade Luz é muito rica em detalhes, algo que seria melhor captado por uma alma feminina. Meu coração de ogro me limita bastante nestas circunstâncias, mas farei o meu melhor.

Havia muita expectativa em torno da visita a Paris, mesmo porque muitos amigos (em especial as amigas) me perguntavam com frequência se eu já tinha ido a Paris e quando iria. Alguns pediram fotos em locais especiais que ouviram falar que existem lá. E após algumas conversas, a gente acaba por descobrir que a cidade exerce um significativo fascínio sobre os brasileiros, o que se comprova pela grande quantidade de turistas de nosso país que podem ser vistos (e ouvidos em bom português) quando se caminha pelas ruas da cidade.

E falando em caminhar, as caminhadas são longas. Paris é uma cidade que, embora antiga e com muita história, foi totalmente replanejada nos séculos XVIII e XIX, o que faz com que ela possa ser considerada uma cidade jovem, dentro dos padrões europeus. Devido ao planejamento, tudo é grande: as avenidas, os passeios, as construções e as praças. Você precisa andar muito entre um ponto de visitação e outro, e muitas vezes é melhor se valer do metro para tal.

Assim como Veneza, Paris é muito diferenciada em detalhes e ao mesmo tempo uma cidade muito cara. A impressão que dá é que a cidade é um verdeiro paraíso para os designers, pois se vê muita coisa diferente em termos de arquitetura, artes, moda, as quais infelizemente não tenho como descrever com a devida propriedade porque sou meio avesso à essencia destas coisas. Vou deixar que as fotos falem um pouco por si.

Os pontos altos para o novato foram a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e a Catedral de Notre Dame (o Louvre não está nesta lista porque é um passeio a parte). Os três são bem distantes uns dos outros, tanto que optamos por visitá-los em dias diferentes. A Torre Eiffel e o Arco do Triunfo não fogem àquilo que a gente imagina sobre os mesmos pelas fotos. A primeira impressiona bastante por sua estrutura de metal entrelaçada de forma complexa e por ser sem dúvida a assinatura de Paris (e talvez mesmo da França). O Arco do Triunfo, por sua vez, fica em um movimentado eixo de conexão urbana para os automóveis que circulam pela cidade. Seu tamanho também chama a atenção, bem como os detalhes nele esculpidos, dando boas vindas àqueles que chegam a cidade. Quanto a Notre Dame, é preciso não confundí-la com outras igrejas, pois existem várias na cidade, uma vez que o nome designa uma igreja dedicada à "Nossa Senhora". E assim como no Brasil, existem muitas por aqui. A correspondente à famosa história do corcunda de Notre Dame fica em uma ilha no meio do Siena e é possível visitá-la cruzando-se uma das pontos sobre o rio. Nos três pontos, vamos encontrar muita gente e filas, principalmente para a subida na Torre Eiffel e para entrar em Notre Dame.

Ao mesmo tempo que é uma cidade moderna, Paris consegue mesclar vários aspectos que a tornam também uma cidade aconchegante. É comum, por exemplo, você passar por um conjunto de lojas e na quadra seguinte encontrar um parque ou uma área residencial, com crianças jogando bola nos gramados ou famílias passeando. A idéia que passa é que o projeto da cidade permitiu que não se perdesse de vista os aspecto residencial da mesma. A gente nota que é possível morar com uma excelente qualidade de vida praticamente no centro do Paris. Mas é claro, os custos serão bem salgados!

O novato na Chanselise
Ao final do dia, o novato disse até logo a Paris, pois esta semana ele ainda retorna lá, para conhecer o Louvre. Ficou a idéia de uma cidade moderna, com monumentos e construções grandiosas, cujo resultado final justifica toda a atenção que a ela é dada. A capital da França faz juz a imagem que estou formando do país, até o momento. Sem dúvida alguma, um lugar que todo mundo que tiver a oportunidade de conhecer precisa fazê-lo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Ainda a Normandia

É preciso realmente tirar o chapéu para a França e para os franceses. Não sei se os traumas vividos pelo novato na Itália têm algo a ver com isso, mas o fato é que estes últimos 5 dias na França, mais especificamente na Normandia, estão sendo muito bons.

Em todos os contatos até agora, o povo francês têm se mostrado muito educado e atencioso. Diferente do que ouvi de alguém uma vez, ninguém até agora ficou irritado comigo por eu não falar francês. As pessoas em geral entendem que você não fala a língua deles e conversam em inglês o suficiente para manter a comunicação (pelo menos aqui na Normandia). Ah, e algo bonito de se ver é as pessoas se cumprimentando nas ruas, nas entradas dos estabelecimentos comerciais, dizendo bonjour, mercy e au revour pra você, mesmo que você seja um completo estranho.

Hoje o dia envolveu um longo tour de carro, mas com a visita a lugares muito interessantes, sendo que os três pontos altos foram um castelo medieval, as falésias na Normandia e uma pequena cidade francesa do século XI devidamente conservada (para fins turísticos, é claro).

As ruínas do Chateau de Gallard, um castelo medieval construído pelo Rei Ricardo Coração de Leão no final do século XII, é um local incrível de se visitar, principalmente pela vista que se tem a partir do mesmo. O castelo fica no cume de um alto monte, dando uma visão privilegiada do Rio Siena e do vale que virtualmente é o portão de entrada da Normandia. Em um período quando a Normandia era um território independente, muito cobiçado pelos ingleses, o castelo constituia um ponto militar altamente estratégico, mas que não prevaleceu por muito tempo. Logo após a morte do Rei Ricardo, os franceses avançaram sobre a Normandia, tomando o castelo e pouco depois o destruindo parcialmente. Hoje, suas ruinas permanecem como patrimônio cultural e realmente vale a pena visitá-las.

As falésias da Normandia são famosas, e o ponto de visitação das mesmas permite uma visão memorável de boa parte de sua extensão na costa norte da França. Infelizmente, devido à neblina baixa, as fotos não retratam tão bem o cenário que se vislumbra: um imenso despinhadeiro dando direto para o mar. A gente está tão acostumado com praias que uma visão como essa encanta à primeira vista.

O último ponto de visitação é uma pequena cidade francesa, quase uma vila, chamada Honfleur, próxima La Havre, que por sua vez abriga um dos maiores portos da França. Honfleur é uma charmosa cidadezinha devidamente conservado para apresentar aos turistas uma boa idéia de como eram os vilarejos franceses no passado, e ao mesmo tempo vender tudo o que for possível em termos de souveniers e produtos típicos da região, dos quais se destacam os doces, os queijos e as bebidas destiladas. O local é famoso por ter servido de inspiração a renomados artistas franceses, entre eles Monet, o mestre do Impressionismo. Confesso que à primeira vista o local não me chamou muito a atenção, mas depois de uma caminhada a gente começa a apreciar os detalhes das construções antigas, como uma igreja erguida em madeira rústica. Honfleur também foi no passado um porto às margens do Siena, e assim concentra diversos barcos pequenos (muitos deles com certeza de turistas), o que dá um charme ainda maior ao vilarejo, tornando a visita muito aprazível.

E a viagem pela França continua até sábado. É o último país na epopéia do novato, assim, o lema é aproveitar ao máximo. Ainda nos próximos dias, Paris e o Louvre!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Omaha Beach

O novato quase não acredita que está escrevendo este post. Isso porque visitar Omaha Beach foi uma dessas coincidências raras que a gente experimenta na vida, e cuja a história merece ser narrada aqui nos mínimos detalhes que esse post permitir.

Tudo começou há uns dois meses ainda no Brasil, quando, em conversa com seu nobre e antigo amigo Otávio Teobaldo (a ele nossa menção honrosa de hoje), o novato perguntou ao ilustre se este gostaria de ganhar algum souvenir especial da Europa e o salafrário, em um tom desafiante que lhe é de praxe, respondeu: "Cara, me traga um pouco de areia de Omaha Beach!". Eu nem sabia direito onde Omaha Beach ficava na França, e pra dizer a verdade, em um primeiro momento demos risada dessa idéia, pois parecia (e de fato é) algo totalmente fora dos padrões de um brasileiro que visite a França. Todavia, quando já na Inglaterra, comentei essa história com o Stuart, pra minha surpresa ele disse: "podemos fazer isso, pois Omaha Beach fica a poucos quilômetros do local onde vamos ficar na Normandia".

Bem, antes de qualquer narrativa, é importante dar uma explicação sobre Omaha Beach, algo que pode ser familiar aos fãs de Battlefield 1942 (esse sim era um jogo legal), mas nada intuitivo  para alguém que não conheça os detalhes da história. Omaha Beach é na verdade o nome da operação militar conduzida pelas forças americanas durante a invasão da Normandia em 6 de junho de 1944, na tentativa de libertar a França do domínio nazista. Esta operação, que na verdade foi apenas parte de uma grande investida militar conhecida na história como o Dia D, é muito bem ilustrada em filmes como "O Resgate do Soldado Rian". Embora tenha tido sucesso em seus objetivos, foi um ato de estratégia absolutamente infeliz por parte dos americanos, uma vez que aproximadamente 80% do seu contingente literalmente morreu na praia. Mas, de qualquer forma, como vencedores, os americanos comemoram muito essa batalha e o Dia D é estabelecido como o marco para todos os países aliados da Segunda Guerra, e principalmente a França, que passou a chamar oficialmente esta praia de Omaha Beach desde então.

E o passeio em Omaha Beach é algo realmente legal. Desde as proximidades da praia até de fato chegarmos às suas ondas, é possível ver e fotografar elementos relacionados à batalha, tais como os blindados utilizados na época ou ainda os bunkers alemães, que tanto trabalho deram aos pobres soldados americanos. Ao desembarcarem na praia sob fogo cerrado, tiveram que subir pelas encostas até os bunkers, desviando das metralhadoras e dos arames farpados. Não é de se admirar que tantos tenha morrido no trajeto. Ao observar as encostas das praias, inclusive as falésias em suas extremidades, confesso que passei a admirar mais ainda o realismo do Battlefield 1942, que reproduz com muita fidelidade todo este cenário, inclusive as construções de pedra que podem ser encontradas após a praia, com os mesmos detalhes arquitetônicos descritos no jogo.

Não longe dali, visitamos um outro ponto de desembarque de tropas, que acabou por se tornar um porto improvisado para os aliados. Vê-se no mar, a uns 500 metros da praia, uma plataforma de blocos de concreto improvisada a partir de navios afundados. Foi a partir dali, durante os dias que se seguiram ao Dia D, que as tropas aliadas foram abastecidas com suprimentos, pois diante de uma derrota iminente, os nazistas bateram em retirada, queimando e destruindo tudo que encontravam pais adentro, de forma a tornar impraticável que a operação militar aliada fosse mantida com recursos locais. Entretanto, a guerra acabaria poucos meses depois, uma vez que os exércitos nazistas já se encontravam estagnados pela resistência russa na Europa Oriental.

Ao visitar Omaha Beach, é impossível não refletir a respeito dos detalhes da maior guerra que o mundo já vivenciou, e chegar à conclusão que numa guerra dificilmente há vencedores. Quem ganha na verdade são uns poucos autodenominados homens de negócio que tiram proveito dos conflitos para fortelecer suas posições políticas e econômicas, com certeza em um local muito distante dos campos de batalha. Novamente, volto a escrever que o impacto que a Segunda Guerra teve sobre a Europa salta aos olhos, mesmo 70 anos depois. Com isso, fica a esperança de que as próximas gerações entendam o recado e não cometam os mesmos erros.

domingo, 26 de junho de 2011

Deauville

Deauville é o primeiro destino do novato na costa noroeste da França, região da Normandia, e aqui vale uma explicação sobre meu recente itinerário. Estou na verdade viajando a tiracolo, pegando carona com a Alessandra e o Stuart em algo similar a uma legítima viagem de férias de britânicos. É muito comum que estes usufruam das praias francesas e espanholas durante o verão europeu, uma vez que mesmo nesta estação as praias de suas ilhas continuem muito geladas para banho de mar (e em alguns casos mesmo banho de sol).

Enfim, Deauville foi a cidade escolhida por minha irmã e seu esposo, e talvez não seja fácil nem mesmo encontrá-la no mapa. A cidade é um pequeno e aconchegante centro de lazer que já foi no passado muito exclusivo, mas hoje é um lugar acessível aos europeus de classe média. Estamos em um alojamento estilo kitnet, muito confortável e bem equipado, nos permitindo preparar nossa própria comida e com isso tornar a viagem bem mais econômica, pois o preço dos restaurantes franceses infelizmente não são tão convidativos quanto o aroma dos pratos do menu.

Hoje fiz o primeiro passeio pela cidadezinha, em uma caminhada de aproximadamente 2 km em direção à praia. Durante o trajeto, é possível ter uma boa idéia das cidades francesas. Ainda que próximo à orla, como acontece em qualquer cidade praiana provavelmente em todo o mundo, a tendência seja encontrar hotéis requintados e até mesmo um cassino, as construções um pouco mais afastadas são bem mais simples e indicam possivelmente o local de moradia dos verdadeiros habitantes da cidade. Porém, do simples ao requintado, percebe-se que o francês tem um capricho especial por sua arquitetura. Todas as casas apresentam de alguma forma detalhes que as diferenciam das demais, e isso pude observar também em outras cidades francesas pelas quais passamos no caminho até aqui.

A praia dos franceses não é das mais belas. Talvez esse seja o julgamento de um brasileiro que utilize como referência as maravilhosas praias que temos no Brasil, desde o litoral do Nordeste até Santa Catarina. A praia aqui é simples. O mar não apresenta uma cor atrativa como aquele azul oceano ou verde esmeralda. A limpeza também deixa a desejar. Ao caminhar-se pela areia molhada a gente encontra fragmentos de garrafas e embalagens plásticas, mostrando-se que o se joga no mar muito mais do que ele poderia dar conta. Ainda assim, é uma praia como estamos acostumados a ver, repleta de guardas-sóis e banhistas disputando seu lugar ao sol, literalmente. Ah, e a infraestrutura também dá um show em nossas praias brasileiras. Existem além dos quiosques locais próprios para que os banhistas guardem suas coisas ou mesmo descansem. Até o espaço destinado ao mar é bem respeitado, não existe essa de autorizar lotear terrenos a 10 metros do mar. A gente caminha por quase 100 metros desde as áreas construídas até o ponto onde as ondas quebram de fato, mostrando que existe um respeito para com os limites do mar e um limite com respeito à ganância imobiliária, tão comum nas cidades praianas no Brasil.

O que mais chama a atenção do novato são as semelhanças entre as pessoas. Na praia, elas são exatamente as mesmas, independente da língua que falam ou da moeda que trazem no bolso. Elas tomam sol, jogam bola, comem quitutes típicos e exibem suas gordurinhas sem qualquer remorso. Aparentemente, os fatores que constroem nosso conceito de praia são muito mais as pessoas do que as belezas naturais.

sábado, 25 de junho de 2011

Vive la France

Vista parcial de Notre Dame
O novato tem hoje a difícil tarefa de sintetizar as últimas 72 horas em um único post, até mesmo para evitar a síndrome de ficar vivendo do passado. Mas acredito que ele tem condições plenas de fazer isso em uns poucos parágrafos, então vamos lá!

Após uma extenuante viagem de trem de quase 24 horas, consegui finalmente dizer adeus à Itália e chegar a Paris. Como se fosse um presente grego de despedida, me deparei com uma paralisação dos trens na Itália, que até agora não entendi direito do que se tratava, uma vez que eles não dão quaisquer informações, apenas mandam você esperar. Quando o serviço foi reestabelecido após quase 3 horas, era gente a dar de rodo, e consequentemente todos os trens atrasaram. Finalmente consegui embarcar para Roma, e em Roma pegar um trem noturno para Paris. Aqui segue uma recomendação: quando precisar viajar de Roma para Paris, NÃO pegue um trem noturno italiano. Esses trens são lentos, sujos e nada confortáveis. A dica (que gostaria de ter descoberto antes) é ir até Milão em um trem rápido (o que vai levar em torno de 3 horas) e em Milão pegar um trem francês para Paris (que fará o trajeto em 6 horas). O trem noturno que peguei levou mais de 15 horas para percorrer o trajeto, e por motivos obscuros, parava em várias estações, permanecendo mais de 30 minutos em algumas delas.

Primeira visão do Arco do Triunfo
Quando se chega em frangalhos em Paris, após uma viagem cansativa como a descrita acima, torna-se impossível aproveitar a cidade, e para minha sorte, não era esse o plano. Uma vez que encontrei-me com minha irmã e seu marido em Paris, o itinerário de viagem agora segue por conta deles e eu volto a ser um convidado e expectador. Assim, ficamos apenas por algumas horas em Paris, o suficiente para ver a Catedral de Notre Dame, caminhar pele Quarta Latina (e jantar por lá também, é claro) e passar de carro por alguns pontos importantes, como o Louvre e o Arco do Triunfo. Mas isso sem problemas, pois o plano é voltar a Paris com calma nos próximos dias, algo que pode parecer frustrante para alguns de meus amigos que lêem esse blog e esperavam ansiosamente por Paris. A estes, peço mais um pouco de paciência. Mas posso antecipar que Paris é realmente uma cidade atrativa e muito diferente de todas as demais, mas isso fica para um post específico sobre o tema.

Seguimos viagem no dia 25 rumo a Deauville, uma pitoresca cidadezinha a noroeste de Paris, na região da Normândia (para felicidade suprema do meu amigo Teobaldo, que muito em breve receberá a menção honrosa deste blog), próxima à praia francesa. No caminho, tivemos problemas com o carro, o que apesar de ser um inconveniente, nos deu uma oportunidade única de conhecer Rouen (outra cidade no caminho) e experimentar um pouco da hospitalidade francesa. O carro apresentou problemas ainda na estrada, mas o Stuart conseguiu conduzir até a entrada da cidade, onde estacionamos em uma rua residencial e chamamos o resgate da seguradora a partir dali. Não demorou muito para que alguns moradores viessem a rua para descobrir o que havia acontecido. Com um pouco de dificuldade na comunicação, os moradores foram muito atenciosos para conosco, inclusive oferecendo ao Stuart a opção de guardar o carro na garagem de uma das casas. Foram ao todo 6 horas de espera um excelente exemplo de globalização: uma seguradora britânica enviou um mecânico francês para consertar o carro alemão onde viajava o novato, brasileiro. Após os detalhes, seguimos viagem, chegando a Deauville no final do dia.
Vila em Rouen, onde o carro quebrou

E amanhã, vamos descobrir mais sobre a França!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Itália acaba em pizza

Conheci um italiano em Berlim, que me disse o seguinte: "não vá a Napoles, mas se for, não deixe de comer uma pizza".

Uma das descobertas do novato é que o napolitano é tratado com bastante preconceito pelos demais italianos. E mesmo o napolitano parece se considerar um cidadão à parte do resto da Itália. Quando cheguei no hostel em Napoles, quis elogiar a comida da cozinheira, dizendo que o nhoque que ela preparava era um legítimo prato italiano. Ela, franzindo o cenho, respondeu: "Italiano, não! Napolitano". O fato é que o italiano é muito orgulhoso de sua Itália, e o napolitano, em especial, de sua comida. A eles é atribuida a invenção da pizza (com data tão longiqua que ninguém consegue lhe informar exatamente em qual século).

Assim, seguindo parcialmente o conselho de meu amigo italiano, decidi que precisava provar uma pizza de Napoles, e isso aconteceu há duas noites. Esperei no entanto para narrar esta experiência hoje por dois motivos: primeiro, se a pizza não me fizesse bem, não iria merecer um post só para ela; e segundo, hoje estou em trânsito para a França e não poderei postar nada ao vivo (assim, usamos o recurso de post programado).

Minha aventura gastronômica teve a participação especial de três amigas brasileiras que conheci aqui em Napoles, e que muito fazem juz à menção honrosa deste blog, autorizando até a publicação de suas fotos. Camilla, Carol e Talita foram muito simpáticas com o novato em todo o tempo, partilharam da companhia e da pizza e ainda tiveram a bondade de dividir com ele informações estratégicas sobre a vida e o universo feminino (algo que possívelmente nunca conseguirei entender de fato e muito menos sintetizar em equações diferenciais, infelizmente).

Tomando os devidos cuidados para se caminhar em Napoles à noite, descemos de ônibus até a orla marítima e após uma breve caminhada, encontramos a pizzaria que nos foi recomendada, e que estava fechada. Mas encontrar uma pizzaria em Napoles realmente não é problema, e poucos metros a frente havia uma segunda pizzaria, inclusive muito bem recomendada por um cartaz deixado na porta da primeira. Fomos muito bem recebidos pelos atendentes (também, pudera, com três belas mulheres como companhia, até a mim eles tratavam bem) e logo estávamos solicitando nossos pratos. A idéia foi provar uma legítima mussarela de búfula (com tomate e rucúla acompanhando) e pedirmos quatro pizzas para dividir os sabores.

Como as pizzas acabam sendo individuais (e não haviam pratos para repartí-las devidamente), a Talita teve a idéia mais original e bem bolada que eu já ouvi em termos de pizza: improvisar literalmente um rodízio. Cada um comia uma fatia e depois trocava os pratos, em sentido horário, para não gerar confusão. Devo admitir que a idéia parecia coisa de engenheiro, inclusive com todos os prós e contras que toda idéia de engenheiro tem. E foi dessa forma que consegui comer um rodízio de pizza em Napoles, algo que para o legítimo napolitano possivelmente seria abominável! Mas fui comportado o suficiente para não perguntar se eles tinha ketchup (acho que eles teriam me expulsado da pizzaria).

Sobre a pizza napolitana, ela encanta aos olhos e é também muito boa ao paladar. Acredito que o segredo de fato está na massa. Ainda que eles possuam todo um ritual para preparar os recheios (ou coberturas, como preferir), a massa é que realmente chama a atenção pelo sabor e leveza. Entretanto, devo dizer que as boas pizzas que temos no Brasil não ficam devendo para a boa pizza napolitana (notem que me refiro às boas pizzas, Big Pizza não conta), assim você não precisa vir a Napoles para descobrir isso. De qualquer forma, comer uma pizza genuinamente napolitana é algo que sempre sai naquelas listas de "100 coisas para fazer antes de morrer", então seguir o conselho de meu amigo italiano foi de fato algo importante.

E assim encerro minha passagem pela Itália. Descobri muita coisa por aqui. E não sei se volto algum dia... Talvez para comer outra pizza. E a viagem continua. O próximo post muito provavelmente terá sabor de croissant!