domingo, 26 de junho de 2011

Deauville

Deauville é o primeiro destino do novato na costa noroeste da França, região da Normandia, e aqui vale uma explicação sobre meu recente itinerário. Estou na verdade viajando a tiracolo, pegando carona com a Alessandra e o Stuart em algo similar a uma legítima viagem de férias de britânicos. É muito comum que estes usufruam das praias francesas e espanholas durante o verão europeu, uma vez que mesmo nesta estação as praias de suas ilhas continuem muito geladas para banho de mar (e em alguns casos mesmo banho de sol).

Enfim, Deauville foi a cidade escolhida por minha irmã e seu esposo, e talvez não seja fácil nem mesmo encontrá-la no mapa. A cidade é um pequeno e aconchegante centro de lazer que já foi no passado muito exclusivo, mas hoje é um lugar acessível aos europeus de classe média. Estamos em um alojamento estilo kitnet, muito confortável e bem equipado, nos permitindo preparar nossa própria comida e com isso tornar a viagem bem mais econômica, pois o preço dos restaurantes franceses infelizmente não são tão convidativos quanto o aroma dos pratos do menu.

Hoje fiz o primeiro passeio pela cidadezinha, em uma caminhada de aproximadamente 2 km em direção à praia. Durante o trajeto, é possível ter uma boa idéia das cidades francesas. Ainda que próximo à orla, como acontece em qualquer cidade praiana provavelmente em todo o mundo, a tendência seja encontrar hotéis requintados e até mesmo um cassino, as construções um pouco mais afastadas são bem mais simples e indicam possivelmente o local de moradia dos verdadeiros habitantes da cidade. Porém, do simples ao requintado, percebe-se que o francês tem um capricho especial por sua arquitetura. Todas as casas apresentam de alguma forma detalhes que as diferenciam das demais, e isso pude observar também em outras cidades francesas pelas quais passamos no caminho até aqui.

A praia dos franceses não é das mais belas. Talvez esse seja o julgamento de um brasileiro que utilize como referência as maravilhosas praias que temos no Brasil, desde o litoral do Nordeste até Santa Catarina. A praia aqui é simples. O mar não apresenta uma cor atrativa como aquele azul oceano ou verde esmeralda. A limpeza também deixa a desejar. Ao caminhar-se pela areia molhada a gente encontra fragmentos de garrafas e embalagens plásticas, mostrando-se que o se joga no mar muito mais do que ele poderia dar conta. Ainda assim, é uma praia como estamos acostumados a ver, repleta de guardas-sóis e banhistas disputando seu lugar ao sol, literalmente. Ah, e a infraestrutura também dá um show em nossas praias brasileiras. Existem além dos quiosques locais próprios para que os banhistas guardem suas coisas ou mesmo descansem. Até o espaço destinado ao mar é bem respeitado, não existe essa de autorizar lotear terrenos a 10 metros do mar. A gente caminha por quase 100 metros desde as áreas construídas até o ponto onde as ondas quebram de fato, mostrando que existe um respeito para com os limites do mar e um limite com respeito à ganância imobiliária, tão comum nas cidades praianas no Brasil.

O que mais chama a atenção do novato são as semelhanças entre as pessoas. Na praia, elas são exatamente as mesmas, independente da língua que falam ou da moeda que trazem no bolso. Elas tomam sol, jogam bola, comem quitutes típicos e exibem suas gordurinhas sem qualquer remorso. Aparentemente, os fatores que constroem nosso conceito de praia são muito mais as pessoas do que as belezas naturais.

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