terça-feira, 21 de junho de 2011

Napoles

Cumprindo-se a promessa, vamos falar sobre Napoles!

Napoles é uma cidade de intensos contrastes. Convivem em um mesmo espaço a grande beleza natural da cidade, banhada por um braço do Mar Mediterráneo, com lindas paisagens, e o descarado descaso das autoridades para com a infraestrutura da cidade, com uma política que não facilita em nada sua visitação. É curioso porque aqui se retrata muito bem o estereótipo que todo o brasileiro (e muitos outros estrangeiros) têm do italiano: o latino sangue quente, que fala alto, está sempre envolvido em dramas familiares e tem uma lábia muito afiada. Tudo isso se torna muito real ao se caminhar pelas ruas de Napoles.

Antes, um background histórico. Napoles possui registros de habitação desde o século VII AC, e foi uma importante colônia grega na antiguidade, passando em seguida a integrar o Império Romano. A cidade mescla muito da cultura helenística e romana e é possível perceber em suas construções o quanto de história existe ali, isso sem falar na Napoles subterranea, que ainda será tema de um post do novato.

Mas falando no novato, vamos a suas impressões, começando pelos pontos negativos. Se você um dia ouvir alguém falar que o Brasil é um lixo e quer viver na Italia, pergunte se ele conhece Napoles. Napoles é literalmente um lixo! Isso porque o sistema de coleta pública de lixo funciona apenas 2 dias por semana, e recolhe apenas o que conseguir fazer nestes dias. Assim, o lixo se amontoa aos montes nas ruas (eu ia postar uma foto dos montes de lixo, mas achei que seria apelação), o que faz com que o cheiro não seja muito convidativo. Às vezes a gente caminha muito para encontrar um lugar aparentemente limpo para comer, pedindo a Deus que sua refeição tenha sido preparada bem longe daquele monte de lixo. Outro problema sério é a postura do italiano. Em geral, italianos são muito mau educados com os turistas, quando se trata do sexo oposto. Isso mesmo, descobri logo que quando necessito pedir informações nas ruas, devo fazê-lo a mulheres. Por outro lado, nos passeios que fiz em grupos, quando as mulheres pediam informação, os italianos machos eram muito educados em explicar direitinho e com toda a paciência, correndo o risco de pegar a moça pela mão e levá-la até o local.

Todo esêse caos que se percebe ao passear pelas ruas da cidade é um tanto desapontante, pois a riqueza histórica e cultural é visível, mas não bem conservada como se vê em Roma e Veneza. Os monumentos centenários estão pichados, ou mesmo passam desapercebidos entre as montanhas de lixo. As pessoas não parecem se dar conta disso, e essa postura justifica o julgamento preconceituoso que os demais italianos fazem de Napoles: de uma cidade não amigável e mesmo repleta de criminosos.

Por outro lado, há lugares belíssimos, como as paisagens do Mediterrâneo e as praias de rochas (isso mesmo, não tem areia nas prais de Napoles). Nestas regiões vêem-se iates e limosines, mostrando que onde o dinheiro impera não há problemas de lixo ou sujeira. Algumas construções também surpreendem pela riqueza dos detalhes, como os palácios construídos próximo a orla marítima.

Na volta para o hostel, um ônibus cheio de pessoas, naquela empurra-empurra danado, um calor de 30 graus e todo mundo fedido, com os italianos a falar alto de tal forma que você se sente em meio a uma verdadeira briga de família. Considerando-se a forte influência que a imigração italiana tem sobre nosso país, pode-se afirmar que qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.

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